Lá no bairro aonde eu moro
Tem uma mulher tagarela
Não consegue ficar quieta
Tem a língua de tramela
Ela me chamou de feio
De nariz de apagar vela
Mas viver bem eu consigo
Porque carrego um gosto comigo
Que eu sou feio, mas não sou dela
Bate com a língua nos dente
Mas pra ela não dou pelota
Pra essa mulher faladeira
Tô servindo de chacota
Feio também tem mulher
Cada um tem sua cota
Por isso eu falo e sustento
Tudo que faz tem um pagamento
Mas eu volto o troco conforme a nota
Dela me chamar de feio
Pouco importa, eu não ligo
Com toda a minha feiúra
Consegui ter meu abrigo
Quem me vê já qué comprá
É verdade, eu lhe digo
Ser feio não é defeito
Quem ama gosta de quarqué jeito
É um ditado certo que vem dos antigo
Deus me fez um homem feio
Pra não dividir a raça
Sou feliz vivendo assim
Feiúra não me embaraça
Nem um bonito passou
Aonde este feio passa
Sou feio, mas sou enjoado
Vale muito mais um feio engraçado
Do que mais de cem bonito sem graça
Resolvi falar com ela
Pensei que estava com tudo
Cumprimentei com cautela
Me chamou de barrigudo
Vi que a vaca foi pro brejo
Atolou com chifre e tudo
Agora eu acabei de crê
Com toda certeza eu posso dizê
Que eu quebrei o bico e rachou o canudo